domingo, 4 de julho de 2010

Maçã não é banquete!


Quando eu era criança e ouvia a história, de Adão, Eva, a Serpente e a “Maçã”, ficava aborrecida com a incompetência dos dois primeiros para dizer não ao engano e simplesmente obedecer àquele Deus tão maravilhoso. Queria eu ter a oportunidade de, no lugar deles, acertar, desmascarar a serpente e passar naquele teste de adoração a Deus. Obediência é adoração e ter a Deus como suficiente é adoração.
Quando eu fui crescendo fui descobrindo em mim a tendência natural para pecar, minha facilidade humana de tentar burlar as leis de amor de Deus para garantir a sobrevivência do meu EU, enquanto dominado pela carne, pelas minhas paixões, vaidades, orgulho, auto-suficiência. Comecei a ter a certeza que eu ia dar o mesmo vexame no lugar da Eva, pois aquele teste de Satanás era sua tentativa de provar a nós humanos que, embora sejamos criados, observados e desejados pelo Deus de todo o amor, nos sentimos inseguros quando nossa auto-suficiência desafia a suficiência de Deus em nossas vidas.
O desejo de passar pelo teste no lugar de Adão e Eva ainda me passa pela cabeça e começo agora a entender porque tanta insistência minha em questionar o que eu faria no lugar deles. Vejo um princípio nessa história que ainda vigora hoje nas batalhas nas mentes humanas e está em negrito nos meus pensamentos neste momento... Minha humanidade insiste na auto-suficiência, impaciente com o tempo de Deus para cuidar da minha satisfação em cada detalhe. Detalhes estes que dizem respeito a como lidar com diversas questões minhas desde “como agir naquele conflito de relacionamento” até “o que eu preciso fazer para alcançar os sonhos que ainda vigoram no meu peito”.
Hoje mais uma vez o Espírito insiste em me dizer, docemente e como uma suavidade que exige que eu zere o volume da voz do meu EU para ouvi-lo. Ele diz que meus deslizes são apenas aqueles pecados que Jesus já pagou na cruz e que eles não mais importam quando eu os reconheço, me arrependo e decido agir de forma diferente e mudar meus hábitos. Mas me alerta que meus deslizes me distanciam dos alvos dEle pra mim, me fazem surda para ouvir Sua voz e trazem uma triste distância no nosso relacionamento.
A oportunidade de ser Adão e Eva são as mesmas pra mim, a cada situação que vivo onde tenho a possibilidade de decidir entre afirmar que meu Deus é suficiente e aquela convicção própria de que sei o que estou fazendo e o que quero é garantir a sobrevivência do meu EU.
Ninguém garante sua própria sobrevivência, pois nada é suficiente a não ser o relacionamento com Aquele que nada deixa faltar, pois Ele sabe exatamente o que preciso. Tenho tudo que procuro e preciso no relacionamento com Aquele que me traz descanso, alívio, tranqüilidade e refrigério quando eu preciso; que me guia no caminho preparado para mim, onde tenho segurança total pra chegar até o fim, por causa do Seu amor. Só Ele pode tocar minha alma quando ela está ferida, até mesmo sentindo angústias de morte, Ele pode levar todo o medo pra longe, pois Seu abraço me envolvendo é suficiente, Ele é o único especialista em consolação. Em situações de ameaças à minha integridade e a minha reputação, tenho tudo que preciso: promessa de provisão (banquetes são os mais prováveis), companhia e honra e Suas promessas são tudo o que eu preciso. É Ele que me cura, me prepara, me escolhe e me coloca na posição que devo ocupar e todas essas certezas são mais do que suficientes pois Seu modo de agir sempre é surpreendente e faz transbordar a alma daquele que permanece esperando pelo agir de Deus, dentro do Seu tempo. Para quem espera nEle para viver essa experiência, há ainda a certeza de que a bondade e a misericórdia são as primeiras a dizer “Bom dia, filho amado!” e a ardente expectativa de caminhar com Ele pelo jardim, no finzinho da tarde, por toda a eternidade.

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