
Estou cuidando da casa de uma família de missionários, eles estão em uma aldeia no interior do Amazonas, por alguns meses. Estou ótima aqui, é como se eu tivesse minha própria casa. Não preciso correr pra tomar banho, porque não tem fila, faço minha própria comidinha, posso deixar a louça pra lavar no outro dia, tenho acesso à internet 24h. Mas aí tem as contas, né? Telefone, luz, internet, o cara que corta a grama, enfim...
Por mim tudo bem. Só não contava com as ligações diárias do Banco Santander querendo vender algum produto para meus colegas. Sério! Aquelas mulheres ligam TO-DOS OS DI-AS!!! Ontem fez 1 mês que recebo essas ligações. Querem falar com os donos da casa, pergunto se é algo sério, mas respondem que é sobre um produto que seria de grande interesse deles. Quando falo que estão viajando, pedem um contato, como eles estão na aldeia, não tem contato lá, de 15 em 15 dias, em média, me ligam pra saber se tá tudo bem. O pessoal do Santander não é capaz de fazer essa anotação, mas ligam todos os dias repetindo a mesma ladainha e meus colegas sequer são titulares de alguma conta nesse Banco.
Ontem foi um dia difícil, eu tava em crise e, segundo a Lei de Murphy, nessas horas que esses chatos testam ainda mais sua paciência. Eu tentava descansar um pouco depois do almoço, pra ver se encarava a segunda metade do dia com uma postura mais positiva, quando o toque do telefone me dá aquele susto... Eu atendo... “Aqui é do Banco Santander, com quem eu falo, por gentileza?” Aff! É agora que dou um trato nessa gente... Esperei ela repetir todo aquela litania e contei pra ela a aflição que essas ligações do banco estavam me fazendo passar e perguntei se não havia um jeito de eles pararem com as ligações diárias. O problema é que meu tom de voz não foi amistoso e infelizmente o outro lado da linha não foi compreensivo comigo. Acabei respondendo: “Se vocês não podem fazer nada, então o jeito é continuar treinando a minha paciência todos os dias, até março, né?” Ela ignorou minha proposta, me cumprimentou num tom irado: “o Banco Santander agradece sua atenção e deseja um bom fim de tarde”.
Menos de 24h depois, o telefone toca e eu um pouco recuperada do meu dia anterior difícil, tentei outra estratégia, usando minha GENTILEZA+BOM HUMOR com a atendente designada a me ligar hoje. Ela riu da minha situação de zeladora da casa dos missionários loucos que estão na tribo e disse que iria colocar um anotação ao lado, prometendo me libertar da maldição do telefonema diário do Banco Santander. Eu agradeci muito e fiquei pensando em como desperdicei tempo e emoções na ligação anterior. Acho que também me tornei ainda mais convicta que a gentileza continua fazendo e sempre fará toda a diferença. Pratiquemos, portanto!
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