terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Casei com o CARA CERTO?


É lógico que minha resposta é NÃO!
E não precisei entrar no sexto mês de casamento para admitir isso. Na verdade, entrei no casamento com esta compreensão. 

Não vou fazer aqui nenhuma alusão ao "que seja pra sempre, enquanto durar", porque pra sempre é pra sempre e só quis casar porque acredito que é pra sempre. Também acredito no que o sábio Jesus de Nazaré disse: por causa da dureza de coração, o divórcio é sim a solução. Não é a solução desejada, não é planejado, é doloroso e custoso, mas nos casos onde um ou ambos mantém o coração fechado para a mudança, é a única solução possível, é libertador. 

Mas este post não é sobre divórcio. Na verdade, detesto este assunto por conta de pessoas que amo que passaram por isso. Doeu em mim e também não é nada fácil atender crianças e adolescentes filhos de pais divorciados.

Meu marido não é "o cara certo pra mim", sem dúvida alguma, porque ele, assim como eu, somos pessoas inacabadas e respeito o processo de construção e de amadurecimento dele, assim como ele respeita o meu. O que encontrei de legal nele, é que pensa como eu, que não existem almas gêmeas ou pessoas que nasceram uma pra outra. E tem mais... Não acredito que Deus tem uma pessoa certa, preparada pra cada um de nós. Já acreditei nisso, confesso, e por isso respeito quem acredita. Mas essa visão não durou muito tempo depois que saí da minha adolescência sonhadora e comecei a ser machucada e a machucar corações. 

Por duas vezes tive certeza que uma pessoa era certa pra mim, mas eles decidiram não ficar. Aprendi, em meio à dor da rejeição, que relacionamentos são feitos a partir da escolha de DUAS pessoas se comprometerem. 

Eu acredito que Deus nos mostra caminhos, promove encontros, nos dá sabedoria e coragem para assumir relacionamentos, mas a responsabilidade é minha e a partir do que eu assumir, minha fé e dependência de Deus, poderá amadurecer. 

Meu compromisso com meu marido não pode ser o de bancar a pessoa certa e nem posso esperar isso dele, embora eu confesse que às vezes isso me tente e me confunda um pouco. Meu compromisso é de cuidar dele e de confiar nele pra cuidar de mim. Meu compromisso é fazer o meu melhor para que ele queira ficar, e enxergar nele, tudo o que está fazendo pra que eu fique. Mesmo que já saibamos que queremos pra sempre, o "pra sempre" é uma construção. 

Gosto do casamento da Fiona e do Shrek, porque no relacionamento deles, descobrem quem realmente são. Mas não pense que essa descoberta soa sempre como um doce filme de comédia romântica, porque descobrir a si mesmo e fazer parte da descoberta do outro incomoda, dá medo e dói.

Quando, como meros mortais, afirmamos coisas do tipo: "nascemos um pro outro", "nosso destino estava traçado desde a eternidade", "Deus me deu você" e outras preciosidades poéticas oriundas de músicas românticas e filmes que gostamos, estamos expostos a confusões e frustrações. Não sou anti-romântica, mas afirmo que a coerência nos ajuda muito a cuidar do nosso relacionamento com maturidade.

Não me casei com a pessoa certa, mas com a orientação que acredito vir de Deus, escolhi casar disposta e com um cara disposto a investir em parceria, amizade e profundidade. E com a sabedoria prometida por Ele e pedida a Ele, estou e estamos construindo o nosso "felizes para sempre". 

VOLTEI!!!

As viagens são beeeem menos frequentes, mas nunca deixei de lado manias como assistir programas de culinária na TV; observar as pessoas nas filas, no ônibus, na rua, na praia; testar uma receita nova quando estou frustrada com alguma coisa; montar um nova playlist e ouvi-la umas 15 vezes até enjoar e montar outra, enfim!

São manias que me ajudam com outra coisa que também gosto muito de fazer, ou não sei se faço mesmo sem querer e às vezes nem gosto muito que aconteça: pensar no ser humano, suas esquisitices, teimosias, singularidades e preciosidades, o que incluiu reflexões a respeito da minha pessoa também.

Faz quase três anos que publiquei meu último post e coisa pra caramba aconteceu. Cursei inglês, francês; resolvi encarar meu medo de clinicar; fiz novos amigos; me apaixonei por cupcakes e pelo Wallace também; tirei minha CNH depois de duas dramáticas reprovações; comecei a fazer uma pós na área de saúde mental; fui uma noiva bem na contra-mão das últimas tendências e com isso quase enlouqueci meus amores; e também casei. Tudo isso tem me rendido bilhões de reflexões, pensamentos e novas convicções e resolvi parar de adiar o meu blogar.

E lá vamos nós!

sexta-feira, 2 de março de 2012

KING`S KIDS EM PORTO VELHO



DESCONECTADOS...

Uniformes secando


Quando a gente começa uma Campanha de King’s Kids de 20 dias, não faz idéia de como nos sentiremos ao final, quanto mais se pensarmos no impacto que aquele tempo -  longe da nossa “caminha”, da comidinha da mamãe, da TV, da internet, do ar condicionado 
e de tantas comodidades - trará à nossa vida ao longo dos anos.

alongamento

Com o tema "Conectados nEle" e grandes expectativas recebemos 24 crianças e adolescentes de 10 a 16 anos na base de JOCUM Porto Velho, no chuvoso janeiro passado. O dia começava cedo! 6:30h despertar e às 7h começamos nosso alongamento.

Meditação - 21 dias sem internet

Campanhas são marcadas pelo tempo a sós com Deus e nossa agenda não foi diferente, a diferença foi um desafio maior de encorajar essa geração a se conectar nEle, num horário que normalmente estariam dormindo, assistindo TV, usando o computador ou o celular. Não é fácil passar as férias longe dessas coisas.



MAOS – Mostrando Amor e Obras Servindo



Uma Campanha não é uma Colônia de Férias, mas a gente também se diverte e faz muitos relacionamentos. 




Só que antes do tempo livre, temos uma programação densa: aulas, manutenção e ensaios. Quem participa da Turma do Rei (King’s Kids) aprende a servir das mais variadas maneiras, o que inclui as tarefas que muitas crianças e adolescentes fogem, em seus lares. Mas na Campanha não tem jeito...


Imagina se você tivesse uns 13 anos e nunca houvesse arrumado sua cama, lavado uma panela, uma banheiro ou sequer pegado numa vassoura? 

Às vezes eu pensava que quem estava sendo discipulada para mais paciência, mais perseverança e mais graça, era eu! 



NA CABEÇA, NA FACE E NA MÃO

Ensaio


Nos primeiros dias de Campanha, fui atacada por maribondos típicos de regiões de mata. Uma picada de um bicho desse é beem dolorida, na cabeça mais ainda e somando com mais uma na sobrancelha e outra no dedo da mão, pode provocar bastante dor e inchaço. Não consegui segurar as lágrimas e chorei um bocado... 

aula sobre Relacionamentos

Este episódio me fez pensar sobre o sacrifício de Jesus, que teve uma coroa de espinhos em sua cabeça, o rosto ferido, desfigurado e as mãos cravadas... Mais lágrimas e uma aplicação prática para as crianças. Nunca algumas picadas poderiam me ensinar tanto.


DESAFIOS A MAIS, OBREIROS A MENOS

Fim de prático


Após o período teórico, quando estudamos mais sobre Deus, Sua Palavra, estilo de vida de intercessão, temor do Senhor, identidade, sexualidade, desafios atuais em missões, nosso desafio era o tempo prático. 
obreiros


Viajamos para uma Comunidade Ribeirinha e durante sete dias tivemos a oportunidade de colocar em prática as verdades aprendidas nos dias anteriores.



Foi um desafio beeeem grande! Nossa equipe era formada por um número muito restrito de obreiros, já que éramos responsáveis por tudo: programação, limpeza, alimentação e discipulado das crianças.

Nosso ônibus não ia aguentar, o trajeto foi a pé



No segundo dia o desafio tornou-se ainda maior com a saída do casal de líderes, devido a sérios problemas de saúde. Com apenas seis obreiros decidimos continuar o que foi programado para aquela comunidade.



CRIANÇAS OU PANELAS?

esperando o barco


Na minha mala estava um material com jogos e palestra para abordar a questão da agressão sexual contra crianças que é tão comum naquela comunidade. Eu estava com todo o gás, depois dos cursos que fiz em Vitória, mas fui surpreendida com o desafio de pilotar a cozinha, durante o tempo prático, todos os dias, já que eu era, praticamente, a única obreira que poderia encarar isso.



Foi sacrificioso abrir mão do que eu acredito que Deus me desafiou a fazer naquela viagem - discipular as crianças e encorajá-los a falar sobre as verdades sobre o amor dAquele que cura e liberta os oprimidos pelos flagelo da abuso sexual. Ainda não entendo porque tudo isso aconteceu e com 6 obreiros a menos tive que “abandonar” as crianças e escolher as panelas, mas acredito na obediência ao chamado e que meu trabalho naquela cozinha, por sete dias, também trará frutos para a eternidade.

VOZES QUE CALAM



Teve um dia que saímos a visitar as casas da comunidade falando sobre a necessidade de proteger as crianças do abuso sexual e usamos folhetos para isso. 

Nossas crianças é que tinham esta responsabilidade e naquele dia disse a elas que já sabiam da verdade e que a Bíblia declara que da boca das crianças e dos recém-nascidos há força para calar o inimigo que busca vingança (Salmos 8.2)

Foi gratificante abrir o caminho para que essa galera tivesse sua primeira experiência missionária, proclamando verdades, levando a luz onde há trevas.
















segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Quem se importa com o lado avesso?


Não adianta! Notícias de pais que matam seus filhos ou filhos que matam seus pais sempre me deixam mal. Hoje fiquei sabendo de mais uma dessas histórias, só que doeu um pouco mais, por se tratar de um dos ícones do protestantismo contemporâneo – Robinson Cavalcanti.

Tal notícia, quase inacreditável, aprofundou reflexões anteriores a respeito de mágoa acumulada. O cara foi influenciado por drogas, eu sei, mas quem sabe se não há algo mais?

Eu poderia afirmar, enquanto conhecedora do assunto, algo do tipo: que todo filho envolvido com drogas tem “não ditos” cravados em sua identidade, fazendo jorrar pra dentro de si mesmo uma sangria que resulta numa alma afogada em seus desgostos, desespero e desesperança (passado, presente e futuro, respectivamente). Mas há algo mais sutil que faz parte do cotidiano de nossos relacionamentos, mais especificamente os familiares.

Enquanto sala de aula da nossa conduta, os relacionamentos familiares são a maior e mais dolorosa oportunidade de desenvolvimento, do jeito de ser, de agir e reagir.

Desgostoso e altamente desanimador é quando atitudes e falas impensadas afetam a comunicação, a relação.

Impensadas mesmo?

A gente pensa e muito! Sem se dar conta, a gente comenta... a gente julga... a gente maquina... a gente acumula... a gente deixa apodrecer...

Aquela velha atitude inconveniente do pai, a teimosia da mãe, os exageros da esposa, o desleixo do marido, a esquisitice do cunhado, o orgulho de um irmão, o egoísmo do outro, a chatice da vó, julgamentos, condenações e novos julgamentos, nossos julgamentos!

Tenho o gene do “guarda tudo”. Guarda papel, guarda roupa furada, guarda o ingresso do cinema que você foi com alguém especial, guarda vidro de maionese usado. Ao tempo que detesto uma mala pesada (morro de vergonha!), quando comecei a viajar e me mudar com frequência, tive que virar a craque do desapego. Ainda tenho meus livros, mas nenhuma cartinha ou relíquia. Preciso de roupas novas porque deixei muitas para trás.

Tento fazer disso, mais do que reciclagem, algo para me lembrar sempre que não devo guardar aqueles julgamentos e condenações instantâneos das atitudes, especialmente dos meus mais queridos. Se eu acumulo, começa a sangrar, a feder e tem uma hora que vasa... Não posso ter medo de mudar e de muda-los, se necessário. Tem que parar e refletir, se colocar no lugar do outros, matutar sobre suas reais motivações e a partir disso, tirar a limpo, pedir perdão, expor o lado avesso de si, sem medo.

Às vezes esqueço de lembrar e aí os contra tempos, os arranhões, o cheirinho desagradável de coisa apodrecendo aparece e lembra de quais deveriam ser meus passos nessa caminhada.

Não acumulemos, não julguemos, nem condenemos. Nos transformemos, mutuamente, antes que apodreçamos, matemos e morramos.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Em Vitória, caminhando em Vitória


Saí de Porto Velho no último dia de agosto deste ano e dei uma passada de 5 dias em Lar Doce Lar, antes de ir pra Vitória/ES. Decidi ir pra lá fazer algumas escolas, dar um tempo, investir na minha formação e na minha maneira de pensar. Cheguei em Vitóiria dia 05/09 e fiz as Escolas de Comunicação, Sexualidade, Claves e Aconselhamento.

Na noite anterior a mais essa viagem (consegui promoção da Gol mais barata que o ônibus... Yupiiii!!!), tive um tempo de rever meu pessoal na PIB Lote XV e recebi um benção deles: “Que você caminhe em Vitória, em vitória”. Você pode inverter as vitórias aí, que vai dar no mesmo.

Resultado... Com certeza deu certo e acredito mais um pouco que as orações têm efeito na vida de quem acredita que funciona. Aliás... eu comecei acreditar que oração funciona quando eu tinha uns seis anos e ficava com medo de escuro na hora de dormir. Minha mãezinha me ensinou a pedir ao Sobrenatural que me ajudasse, lendo um salmo comigo e me ajudando a pedir, com minha simplicidade infantil a companhia do Todo-poderoso na minha grande aflição noturna.

Voltando ao tema do post, que tempo precioso, de aprendizados preciosos, de relacionamentos preciosos, de revelações divinas preciosas, enfim! Estou mais rica!

Cheguei lá fazendo um esforço absurdo pra continuar acreditando que tem jeito pro ser humano e aos pouquinhos a esperança me invadiu novamente, só que numa dose mais forte, agora. 

Sinto saudade dos três meses que estive na Avalanche e sei que CHEGUEI e SAÍ na hora certa. Mais adequado que isso, não dá pra ser, mais vitorioso, impossível.   

segunda-feira, 21 de março de 2011

Honra e Sofrimento

Os assustadores acontecimentos em cadeia no Japão trazem um monte de idéias à baila e acho que tem muita gente procurando explicações, inclusive espirituais, inclusive na Bíblia. Preferi não gastar tempo pra saber quantas explicações existem atualmente para o porquê das catástrofes. Outro dia aprendi, ouvindo uma mensagem do Ed René Kivitz, que nossa REAÇÃO aos acontecimentos contingentes e não as EXPLICAÇÕES é o que vai fazer diferença nas vidas das pessoas.

Então, numa das minhas reflexões nas cartas de Paulo, deu pra ter uma idéia nova sobre momentos de SOFRIMENTO e momentos de HONRA. Quando Paulo fala para os crentes coríntios a respeito do Corpo de Cristo (em suma a Igreja), mostra como os crentes devem se comportar nos relacionamentos interpessoais. Paulo leva a entender que HONRA (deveria) promove(r) união e revela(r) cuidado mútuo. A maneira de enxergar SOFRIMENTO e HONRA precisa fazer toda a diferença naquele Corpo.

Interessante é pensar também que este modelo de promoção da UNIDADE não é só para os crentes, mas quando funciona na Igreja, se torna um protótipo para a Humanidade. Se a reação ao sofrimento NÃO fosse INDIFERENÇA e a reação à HONRA, NÃO fosse INVEJA e ÓDIO, o mundo estaria livre de conseqüências como a fome, a guerra, a nudez, o desabrigo, a corrupção, escravidão e toda a sorte de moléstias.

A Bíblia mostra que bom é reagir à HONRA do outro com ALEGRIA e ao SOFRIMENTO do outro com COMPAIXÃO. A aplicação prática disso requer envolvimento, vulnerabilidade, coragem pra doar tempo, recursos e emoções. Sabendo o gosto saboroso da HONRA e amargo do SOFRIMENTO, não deveríamos todos nós comprometermo-nos a praticar?

"Os membros do corpo que parecem mais fracos são indispensáveis, e os membros que pensamos serem menos honrosos, tratamos com especial honra. E os membros que em nós são indecorosos são tratados com decoro especial, enquanto os que em nós são decorosos não precisam ser tratados de maneira especial. Mas Deus estruturou o corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta, a fim de que não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros. Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele."

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Florestas e desertos

Entre os lugares que tenho andado, tem os lugares espirituais. Quem sabe só Deus e eu entendamos o que quer dizer isso, mas posso dizer que tem praias, cachoeiras, florestas e tem também os desertos. Aqui na floresta eu ainda tô deserto.

Mas aí pensei um pouco mais sobre desertos quando eu tava meditando em algumas palavrinhas que Paulo escreveu na primeira carta que mandou pra aqueles crentes coríntios, um tanto retardados espiritualmente (tanto quanto eu...). Ele falou lá que eles tinham que lembrar como foi a experiência de deserto pros israelitas. O Paulo cita que todos os que tavam no deserto foram batizados “na nuvem e no mar” e depois diz que quanto àqueles que não estabeleceram um relacionamento com Deus, “seus corpos ficaram espalhados no deserto”. (macabro!!!)

Então entendi que Paulo tá falando de dois aspectos que a gente pode ver na presença de Deus: 1. NUVEM – sombra, alívio, proteção; 2. MAR (travessia do Vermelho) – ousadia, convicção, empurrão. Esse é Deus!

Só que alguns que estiveram sob essa sombra e que ganharam o ímpeto pra atravessar o mar, não puderam entender o que Deus tava fazendo e não aceitaram o que Deus dizia, apesar de ter ficado tão claro para todos que foi o Soberano que levou todo mundo pra lá.

Esses caras foram lá pro deserto e lá ficaram e lá pereceram e nunca saíram de lá. Deserto não é pra viver, nem pra morrer, é só o lugar de passagem.

Eu quero entender o deserto, quero só passar pelo deserto, não quero ficar no deserto, quero sair do deserto. E enquanto no deserto, tenho sombra e um empurrão.